Deserto, deserto…
Toda a arte começa onírica
E todo o sonho nasce no deserto.
Dos nossos desertos.
A terra criou os dela e nós criamos os nossos. Os desertos só nossos onde nos recolhemos à procura de Oasis Universais. Porque sabemos que tudo nasce do nada e precisamos de espaço para criar.
Criámos os desertos ou criámos antes as civilizações que os encolhem?
Estaremos um dia num deserto de desertos?
Estes são os nadas que sonhamos e onde somos eremitas de nós próprios, porque precisamos de fugir da vida que inventámos e da sociedade que nos encolhe.
De Platão a Nietzsche, passado por da Vinci. Todos os grandes pensadores e artístas sentiam saudade da solidão sendo automaticamente atraídos a senti-la constantemente.
Porquê?
Talvez porque tenhamos de conhecer cada grão de areia e cada montanha e todos os cactos e tempestades de vento do nosso deserto para o podermos recriar cá fora tão belo, forte e natural quanto ele realmente é.
Sonhemos então. Sonhemos sem entraves nem vergonhas. Que tenhamos sempre o ímpeto de explorar o mundo dentro de nós próprios. Com medo mas com mais coragem ainda.
Permitamo-nos ascender até à mais profunda contemplação mística no nosso recobro para podermos ajudar a tranformar o mundo e deixar que ele nos transforme constantemente. Sejamos, então, a pedra dele e o escultor da nossa. Que a partir do deserto consigamos ajudar todo o planeta a torna-se, pelo menos, um bocadinho mais livre e belo.
Bem-vindos ao Deserto Onírico. Que façam uma viagem de sonho.
Luís Lubão