PREFÁCIOS

Deserto Onírico

Deserto, deserto…

Toda a arte começa onírica

E todo o sonho nasce no deserto.

Dos nossos desertos.

A terra criou os dela e nós criamos os nossos. Os desertos só nossos onde nos recolhemos à procura de Oasis Universais. Porque sabemos que tudo nasce do nada e precisamos de espaço para criar.

Criámos os desertos ou criámos antes as civilizações que os encolhem?

Estaremos um dia num deserto de desertos?

Estes são os nadas que sonhamos e onde somos eremitas de nós próprios, porque precisamos de fugir da vida que inventámos e da sociedade que nos encolhe.

De Platão a Nietzsche, passado por da Vinci. Todos os grandes pensadores e artístas sentiam saudade da solidão sendo automaticamente atraídos a senti-la constantemente.

Porquê?

Talvez porque tenhamos de conhecer cada grão de areia e cada montanha e todos os cactos e tempestades de vento do nosso deserto para o podermos recriar cá fora tão belo, forte e natural quanto ele realmente é.

Sonhemos então. Sonhemos sem entraves nem vergonhas. Que tenhamos sempre o ímpeto de explorar o mundo dentro de nós próprios. Com medo mas com mais coragem ainda.

Permitamo-nos ascender até à mais profunda contemplação mística no nosso recobro para podermos ajudar a tranformar o mundo e deixar que ele nos transforme constantemente. Sejamos, então, a pedra dele e o escultor da nossa. Que a partir do deserto consigamos ajudar todo o planeta a torna-se, pelo menos, um bocadinho mais livre e belo.

Bem-vindos ao Deserto Onírico. Que façam uma viagem de sonho.

                                                                              Luís Lubão

Centro Cultural de Santarém

Tudo é tão pouco face ao tempo que não a sonhar: no sonho existe o combate temporal de sentir e imaginar. Aproveitar o tempo que o sonho nos concede é a magnitude do ser. O ser que vive em pequenos trechos temporais e o homem que vive várias vidas. Como a pintura ou a escultura onde se prende o tempo e cuja forma, como o sonho, se controla. Morre quando sonhares com tempos vindouros e vais ao fundo mais recôndito da tua imaginação para de lá recortares o que lá encontrares. E quando descobrires a pólvora da tua magnitude, rebenta em formas e cores, Faz aquilo que melhor sabes fazer…                                                                 sonhar.

José Redondo